segunda-feira, 12 de julho de 2010

LIBERTAS TARDIA

Antonio Carlos Tomás Fialho Magalhães

Libertas minha alma
Que suas palavras me libertam
Pois cerquei o Brasil
De uma literatura imensa
E meu discurso clama por justiça
Pois querem unificar a América
E assim perco meu oficio
Puramente brasileiro

Libertas poesia minha
Que meu pulso te aguardava
No ventre de meu pensamento
E que agora nasce
Em um lamento verde-amarelo
Posto que desespera
E espera teu povo levantar
Contra um discurso setentrional

Seras minha alma
Profunda de história
Já que meu corpo inflama
Na rede de um eterno amor
Onde nasce um caboclo mineiro
De um menino que não cansa
De escrever e pensar
De fecundar seu regaço moreno

Seras tupis meu discurso
Que a leitura do Ipê-Brasil
Que se acaba em pergaminho
Ora carvão, ora ninho
De um pássaro que perpassa
O céu de minha angústia
De não instaurar a identidade
Da língua pura brasileira

Tardia minha alma que tarda
A tarde de explendor magnífico
Gire a roda da tribo
E derrama em Águas Cristalinas
Âmago do meu ser cansado
De contestar contra a bússola
E inquieto de tanto correr
Meu coração sinceramente emana

Tardia minha poesia mineira
Que em confederação
Brava pela independência
Que esmorece e cresce
Em minha fantasia febril
De uma população já em prantos
De não suportar o raiar do dia
Com olhos turvos de indignação

Libertas tardia
Pulso dessa imensa poesia
Que sangra um coração cravado
De doer as fortes dores do parto
De angustia de um ler literário
Doutrinário contra as usuras
Ditaduras que meu povo é indígena
Nobre guarani, despertas.

TECENDO O TEXTO

O tempo e a inspiração me convidam a criar um texto com tipologia, forma e adereços como quem cose uma roupa estampada e colorida. Um tecido confeccionado em minha mente e que veste seu corpo de leitor sob forma de tatuagens, iconografia viva e desenhos uniformes. Ao decodificar meu pensamento, a mentalização da imagem me conduz às letras com as quais moldo as palavras, crio ícones e levo a informação a você que acompanha o desdobrar dos acontecimentos. Assim, com esse teor introdutório, envolvo o pensamento de quem lê, de quem busca a compreensão inquieta e desfruta de um instante único em sua vida de leituras e interpretações.

Desse emaranhado de códigos, bem desenhados e definidos, dessas palavras extraídas de minha personalidade em atividade escrita, desenho uma estampa para decorar o papel com o qual idealizo meu novo agasalho. Pois, quando utilizo meus dedos como rocas de fiar, elaboro um novelo contendo frases e sentenças na tentativa de aproximar minha idéia do leitor. Esse, ainda errante no início da leitura, percorre espaços e preenchimentos, sem saber por quais caminhos irei conduzir sua imaginação. Ao mesmo tempo, componho uma obra à mercê de uma alma para quem subjetivamente escrevo e que espero devoradora de páginas e livros ainda em construção.

Pego, então, aquele novelo, atiro-o no ar e, com sua bagagem de leitor, faço desenrolar um mundo real e fantástico. Alinhavo idéias, uma a uma, no afã de extravasar sentimentos e recortar mensagens, com o objetivo certo de lhe prender por alguns minutos e levá-lo a pensar em uma vestimenta rica e ideal. Convido-o a participar de um baile de máscaras e fantasias, leitor das horas, a contribuir com suas emoções e, assim, dar vida a este texto que, sem sua vista perscrutadora, inteligente e crítica, fica impossível transmitir o meu íntimo desejo de comunicar.

Portanto, com o tecido, que neste instante tem a finalidade de vestir o vazio e preencher o branco desta folha de papel, costuro signos desejosos de se unificarem em coesão e coerência. Faço desse meu discurso inusitado, peças e peças de fazenda com as quais componho um livro cheio de inseguranças e desejos de aprendizado. Se almejo alcançar e edificar o conhecimento, aí sim, crio volumes e enciclopédias, uma vez que as palavras são tantas e o tecido é infinito. Teço uma roupa e escolho os leitores para vesti-los com minha ideologia, com meu parco saber e com minha cultura de aprendiz.

O fato é que, como costureiro de indumentárias lingüísticas, tenho que dar sentido à minha criação e revelar todo o paramento nela disfarçado. Através de agulhas, retroses e uma enorme vontade de proporcionar-lhes uma leitura agradável, coloco enfeites e brilhos ainda não prontos em meu ateliê, composto de computadores, canetas, impressoras e papéis. Porém, como num teatro, onde cortinas caem e levantam, o escritor também espera contagiar um público que sequer conhece e informa: agora, é hora de arrematar o vestuário e entregá-lo ao deleite particular de quem lê, artistas do cotidiano sem os quais o escritor não sobrevive.


Antonio Carlos Tomás Fialho Magalhães
Setembro/2002

sábado, 10 de julho de 2010

Making Poems

MAKE POETRY is diving into the soul of the reader and writing, thinking about a real and unusual world. At the same time, verses drain from y hands

Writing poems is reaching the reader’s geniality by means of words. Words decorate the reader’s life with chats and poetries that translate reality.

I live from writing poems – my companies of the hours. Hours that drain in free and verses about freedom.

Making poems is setting free mooring cables of the muddy reality and coloring the reader’s world. , informing and registering the culture in said verses and.

Making poetry is silencing its summons and letting others get into our thoughts. At that time, the poet is sure about the confidence that the reader is who makes the workmanship, by real reading.

Happiness, in this manner, is to dialogue between the writer and that one who participates of the production moment, taking his/her verses in other directions.

I leave these reflections here, now produced for my soul, so that the reader can use them. Copyright is not charged. It is spread.

Antonio Carlos Tomás Fialho Magalhães

Reflexões Poéticas

POESIA é como mergulhar na alma do leitor e escrever, pensando em um mundo inusitado e ao mesmo tempo real, escorrendo por nossas mãos

Escrever é alcançar a genialidade do leitor por meio de palavras. Enfeitar a vida do leitor com prosa e poesias que se traduz em realidade.

Vivo mesmo é de escrever poesias - companheiras das horas. Horas que se escorrem em versos livres e compromissados com a liberdade.

Poetar é libertar as amarras da realidade turva e colorir o mundo de quem lê, informando e documentando a cultura em versos e ditos.

Poetar é calar seu intimo e deixar que o outro adentre seus pensamentos na confiança de que o leitor é quem faz a obra, nas suas releituras.

Ser feliz, desse modo, é dialogar pela escrita com aquele que participa do momento da produção e tomar seus versos em outros sentidos.

Deixo aqui estas reflexões, agora produzidas pela minha alma, para que o leitor possa utilizá-las. Não se cobra direito autoral. Espalha-se.
Antonio Carlos Tomás Fialho Magalhães

Thoughts about peace in the world

We can reach the peace if we join all together and claim to our governors to mediate the cooperation and comprehension among the nations.

Beginning here, at the twitter, we can spread love to many people and make them think that everybody here can take peace to everywhere.

Let us make this simple effort. Anyway, it will not cost anything. There is no charge of sending messages of peace.

On the other hand war is rather expensive for us to support. Apart from that war does not make sense.

And things that do not make sense are not scientific, are not social. Therefore war does not belong to humans, even to animals.

In fact, war belongs to monsters. Only monsters kill humans coldly.

I believe in different possibilities of knowledge, since that knowledge has come to enrich well-being of the humanity.

I abominate everything that is violent and annihilating. The dialogue must be cultivated, as ours smile of each day.

It is necessary to humans sharing more love and losing the fear of delivering ourselves to those we find in our routine day.

Peace in the world begins inside of you. Join us at this movement. Send messages of peace to your followers and against all kind of war.

(This is my thoughts that I am putting at twitter, colaborate and join us at this movement) Antonio Carlos Tomás Fialho Magalhães

sexta-feira, 9 de julho de 2010

The moment before producing a poem

A friend asks me, what happens at the moment when the literal production appears. Here it is my answer to that: the “momentum” of the literal production that one in which the poet has a transposition from the real world for the written world, appears of a force, an impetus that invites a poet to live in a parallel universe, in which the reality passes to the second plan and the ideas come to the first one. It is the instant where the thoughts get free of the circumstantial context, it flows and it searches to register an aesthetic direction and/or a fantastic realism. As if we were walking and, surprisingly, a hand pulled in our arm, to know the interior of an art gallery, without losing, however, the contact with the exterior world. Of the inspiration to the writing, it has an almost imperceptible threshold.

The mind immersed in the thought looks a complete direction since the presentation to the conclusion of the act of speaks. Coming back to the real world depends on the extension of the text and the decision of the poet in finishing the activity of language. In the case of the writing the decision is, almost always, on account of the writer. Either in the poetry, either in the scientific texts, there is a beginning time. It has a certain trend in wanting to deplete the subject. When returning, reluctance in passing to another activity exists, to abandon the concentration. It fits to say that when writing, we direct the subjective interlocutor’s eyes, since the speech does not survive alone.

NARRATIVA MUSICAL NO ROCK BRASILEIRO

Nas décadas de 80 e 90, sobretudo após a abertura política e a extinção da censura, surgiram várias canções “revolucionárias”, refletindo o cotidiano brasileiro e abordando temas reais, combatendo a miséria social e cultural que assolavam o país pós ditadura militar. Nesse panorama, os Rocks nacionais tiveram expoentes como Legião Urbana, Cazuza, Barão Vermelhor, Capital Inicial, Titãs, Paralamas do Sucesso, Cássia Eller, Marina Lima e muitos intérpretes.

Em meados da década de 80, lança-se no cenário da música brasileira uma banda de Rock entitulada Legião Urbana, revestida de irreverência sem perder o compromisso com a informação. De um manancial de músicas editadas e cantadas por essa banda, pode-se citar, como narrativa musical, Eduardo e Monica – Cantada por Renato Russo, integrante da banda Legião Urbana, compositor e intérprete de uma arte voltada para os valores nacionais, que procurava articular o poder político e o poder social.

Vale ressaltar que a dimensão artística bem como a linguagem utilizada pela Legião Urbana são de um valor inestimável e não caberá aqui aprofundar as questões estéticas e de estilística. Por conter uma narrativa, a música que conta estórias pode ser analisada à luz da Literatura, em uma abordagem rica e versátil. Aqui, trata-se de um ensaio despretensioso, que convida o leitor à reflexão da possibilidade de abordar o foco narrativo em letras musicais, tão presentes nas obras primas da arte brasileira.

Gostaria de ressaltar que apoiados na música e outros textos é possível analisar, conhecer e estudar não só o gênero, mas ainda as tipologias textuais ali presentes. Além da mensagem que o texto sugere, inclusive as subliminares, uma proposta que defendo é propiciar o aperfeiçoamento e a ampliação da gramática natural, emergindo-a por intermédio da construção dos sentidos múltiplos que a poesia oferece e, mais especificamente, as letras de música.

Embora se equipare a um conto ou mini conto, as músicas contêm um foco narrativo, nesse particular, temos o narrador onisciente neutro, fala em terceira pessoa e a obra tende a um desfecho inusitado, embora tenha poucos recursos de cena. Pela onisciência, o narrador parece conhecer muito bem os personagens.

Nos estudos do idioma brasileiro, há que se vincular, à prática social da linguagem, o diagnóstico da comunidade discursiva dos educandos e de sua maturidade cognitiva e lingüística. A partir desse ponto, passa-se a analisar as questões literárias, respeitando as variações estéticas e, posteriormente, apresenta-se, com os alunos, novas formas de produção e interpretação de textos.

Não se deve, apenas, retirar do texto as regras da gramática normativa ou os elementos da gramática descritiva, mas ir além, propiciar momentos de reflexão, criando situações com as quais o aprendiz irá experimentar os acervo lingüístico-literário pela construção textual, tudo isso a fim de dominar os sentidos e os recursos da língua e literatura.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Simples Cidadão

Amo as pessoas, porque a humanidade é feito tambores a tocar. Elas que são flores e cores que se transbordam em amores. Amo porque, aprendiz da vida, nunca pensei no verbo odiar. Amo então cada segundo do dia, pois amanhã não sei quando será. Calo sobre o que será, vivo o que é. O que pode ser virá e o que é tenho em minhas mãos. Então vivo para ser o que sou e canto para me sentir vivo. Vivo para dançar o samba e canto para saudar a madrugada. Canto porque sou cidadão. Simples, como o sol que nasce todo os dias.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

SAILING ON THE TEXT

Time and inspiration invite me to sail on the text with form and oars as who sails in a wooden boat. A ship made in my mind goes through yours disguised with tattoos, bright icons and wonderful designs. While decoding my thoughts, the sight of the images takes me through the letters with which I steer the words, guide people and give information to you that accompany the unrolling of the papyrus. Thus, with this introductory tenor, I intend to involve the mind of whom is in search of the comprehension, using a unique moment of a whole life of reading and translations.

From these passages made of codes, well drawn and defined, from these words extracted from the harbor of my personality, I elaborate a map with a treasure-trove to guide you to an unknown forest. Because, when I am cruising I take care to give you some tracks that contain sentences and phrases to attract the reader to my soul. The latter, as an errand at the beginning of the journey, covers the spaces and the sands without knowing which way I am going to take your imagination. At the same time I dream with a person to whom I write and I hope the dreamer is a reader digest of pages and books still in construction.

Then, I hold the anchor, throw it into the ocean, and with your knowledge I make you dive in the sea of imagination. Under the water you can see a wonderful and fantastic new world. From the corsair I can see a distant land and to commemorate due to the discovery I climb up the mast, send a bird with a message in order to arrest your attention for a few minutes and travel with you to a country of paragraphs. Afterwards I invite you to swim in the beach of ideas, reader of the hours, to spread our emotions, to color this piece of paper and give life to this young text.

Therefore, with the treasure already found, with which we can buy some fish and make a good supper to fill the hours and the void of this sheet, I jump into the immense vocabulary made of signs, linked in cohesion and coherence. I make with this innovative discourse, new brigs, sails and flags to compose a new work of art like a buried golden treasure. If I want do reach and in the next quay full of knowledge, then I discover lots of books and a whole encyclopedia, as we have several words and this world is so wide. I unload the floating dock and I choose the readers to bring them on in order to explain this new ideology from my lack of wisdom and culture.

The fact is that, as a captain of this linguistic ship I must give sense to my creation and reveal all the clues hidden in the map. With many kinds of tools, I must be able to carve until I find another theme to write about. Using printers as cargo ships, papers as sand an computers as a compass I really wish I would travel crossing every continent by sea. And at the end of this adventure I would meet you, my readers just to say goodbye and deliver to your soul the contents of my own.

Antonio Carlos Tomás Fialho Magalhães

NARRATIVA NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

Antônio Carlos Tomás Fialho Magalhães


Embora, o foco narrativo seja, em sua maioria, analisado nas estruturas em prosa, encontramos narrativas em diversas músicas da MPB (Música Popular Brasileira). Nesse sentido, de autor, o compositor/poeta passa a narrador, ao criar uma obra literária em versos. A literatura como arte se expande em horizontes amplos e com base na maturidade cognitiva o ser humano idealiza e alcança sua mensagem desvendando o construto semiótico que a obra literatura propõe. Por intermédio dela, nossa consciência flui em linguagens interiores e exteriores, enriquecendo as ações e práticas linguajeiras.

Ao elaborar, ler, interpretar uma poesia, nos colocamos à mercê de uma atividade prazerosa e ao mesmo tempo especializada do idioma, na qual o ritmo e a harmonia se fundem construindo sentidos por meio de uma estrutura própria. Diante da música temos ainda o interpretar do cantor e coro, os arranjos musicais que integram o gênero e o caracteriza, como diferente do teatro, da prosa, sem se distanciar, entretanto, do literário.

A presença da literatura na música se faz sentir pela própria arte na qual se articulam uma e outra. Como lembra Proença Filho (1990, p.7): “os versos remetem a uma realidade dos homens e do mundo, mas muito mais profunda do que a realidade imediatamente perceptível e traduzida no discurso comum das pessoas.” Nessa perspectiva, existe uma aproximação entre a dimensão real e o momentum artístico, que permite alcançar a significação que as palavras exercem na visão semiótica da poesia.

Existe um feixe de obras literárias, principalmente o teatro, que trazem em seu texto, músicas ali inseridas, muitas das quais são extraídas da cultura popular brasileira. Nisso reside uma das preocupações da música ao lidar com as circunstâncias do cotidiano: explorar o instrumental melódico vinculado a um universo lingüístico vasto e rico que propicia leituras e releituras.

Como texto, e possuindo um discurso próprio, a música se vincula a uma representação de diversas realidades em infinitas combinações, tanto que são várias as canções que abordam o amor, com matizes, temáticas e arranjos textuais completamente diferentes. Pode-se dizer que a música tem ressonância no ser que a aprecia, despertando-lhe emoções, recordações e mesmo revoltas e rebeldia até então latentes e quiçá ainda não vividas.

Quando se utiliza a música como gênero literário, encontramos em sua versatilidade versos narrativos e como conseqüência um foco narrativo, ora onisciente, ora testemunha, ora protagonista. A beleza do ritmo e harmonia se fundem em melodia impregnada por signos e/ou símbolos lingüísticos, e então surgem as canções, as baladas, os sambas e outros gêneros do discurso musical. Ao mesmo tempo quem está diante de uma partitura de música, está na presença de uma manifestação literária. Percebe-se que as tipologias textuais, abordadas na Lingüística, estão presentes nas poesias e nas letras constituintes das diversas canções do acervo da música mundial.

Na apreciação de uma música, sem dissecar seus sentidos e sua beleza artística, devemos focar na recepção e interpretação do interlocutor com o qual ela dialoga. Como obra literária, as canções são passíveis de encerrar narrativas e, portanto, possuidoras de um foco narrativo peculiar, como nos contos e mini contos. Por conter cultura, arte e compromissos sociais, nesta reflexão, mais uma vez nos serviremos da música para resgatar, enaltecer a criatividade e inteligência do povo brasileiro. Apesar de os jovens se distanciarem cada vez mais da leitura, necessário se faz desmistificar a literatura e passar a estudar também as tipologias textuais presentes nas canções e nas poesias.

Os educadores devem procurar trabalhar a cultura brasileira em todas as suas dimensões, com o objetivo de manter uma tradição, um povo, uma nação. Vislumbra-se, atualmente, um ensino fundado nos gêneros do discurso, inclusive, em músicas extraídas do contexto popular brasileiro, na tentativa de resgatar o valor do texto e ampliar sua circulação e interesse entre a juventude e a sociedade brasileira.

Ao se tratar do valor real e social da música, enquanto veículo de informação, podem-se destacar as manifestações artísticas que visaram combater o militarismo e as desigualdades sociais de nosso país. Para tanto, basta se reportar à história do Brasil dos anos 70, na qual as atividades musicais desdobravam-se em discurso político de esquerda, e não raro as obras de Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, eram censuradas por serem consideradas atos subversivos.

O Momento da Produção de Uma Poesia

Perguntara-me um amigo, o que acontece no momento em que surge a produção textual. Eis que lhe respondo: o “momentum” da produção textual, aquele no qual há uma transposição do mundo real para o mundo escrito, surge de uma força, de um ímpeto que nos convida a viver em um universo paralelo, no qual o real passa a segundo plano e as idéias ao primeiro. É o instante em que o pensamento liberto do contexto circunstancial, flui e busca registrar um sentido estético e/ou um realismo fantástico. Como se estivéssemos caminhando e, de súbito, uma mão nos puxasse pelo braço, para conhecer o interior de uma galeria de arte, sem perder, no entanto, o contato com o mundo exterior. Da inspiração à escrita, há um limiar quase imperceptível.

A psique imersa no pensamento procura um sentido completo desde a apresentação à conclusão do ato de fala. O voltar ao mundo real depende da extensão do texto e da decisão de pelo menos um dos interlocutores em finalizar a atividade de linguagem. No caso da escrita a decisão fica, quase sempre, por conta do escritor. Seja na poesia, seja na dissertação, uma vez iniciada a atividade em si, há uma certa tendência em querer esgotar o assunto. Ao retornar, existe uma relutância em passar a outra atividade, abandonar a concentração. Cabe dizer que ao escrever, nos dirigimos a interlocutores subjetivos, já que o discurso não sobrevive sozinho, pois trata-se de uma “prática social de referência”.


Antônio Carlos Tomás Fialho Magalhães

terça-feira, 6 de julho de 2010

Música e Literatura

Ao compor esta reflexão, pretendemos analisar a Música Popular Brasileira enquanto possibilidade de ensino de literatura brasileira na Educação Básica. Isso porque são várias as obras literárias musicadas por compositores, desde peças teatrais até poemas, considerando, inclusive, as letras de música como literatura e arte. Para exemplificar, podemos observar o acervo de poemas de Vinicius de Morais, musicados por vários compositores da Bossa Nova. Temos, ainda, peças de teatro, nas quais estão inseridas músicas que embelezam o espetáculo, como “Calabar” e “Gota d’água” de Chico Buarque. E textos de Manuel Bandeira declamadas em meio a músicas nas obras da cantora Maria Bethânia.

Na intersecção entre música e poemas já consagrados, tem-se a belíssima Rosa de Hiroshima, musicada na década de 1973 e gravado pelos Secos e Molhados, na bela voz de Ney Matogrosso. Ademais temos canções que se tornaram expoentes tanto da MPB, a partir de poemas de Carlos Drummond de Andrade, a exemplo do poema Canção Amiga cuja letra serviu de base para a música de Milton Nascimento. Pode-se citar, nesse rol, a música “Funeral de Um Lavrador”, que é parte do poema “Morte Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto. Sem contar com as belas canções encontradas em nossa cultura popular.

Com isso, temos percebido que a união das duas disciplinas em torno da música revela um pensamento coletivo, consistindo, sobretudo, em uma forma de vida que indicam modos de sentir, de pensar e de interpretar os fatos sócio-culturais. Tanto a música quanto a literatura compreendem uma memória para a sociedade, já que ambas veiculam acontecimentos e a tendência de uma determinada época. Nessa perspectiva, não se podem apreciar as conseqüências da Semana da Arte Moderna e as primeiras marchinhas carnavalescas da década de 20, enquanto momentos separados.

Assim, entendemos que a Música Brasileira, a partir dos diversos movimentos culturais, esteve presente e interage com a literatura de nosso país, cujo ensino sugere uma inter-relação entre os autores literários e os compositores de canções. Desse modo, a música brasileira dos nossos dias e de outras décadas conquistaram e vêm conquistando seu papel na sociedade, no sentido de compor um acervo artístico juntamente com obras literárias consagradas. Vemos no diálogo literatura-música uma fonte de conhecimentos da cultura nacional à disposição de educadores que lidam com a Literatura e com a Educação Artística.

A Articulação Dialógica na Formação Social do Leitor

Esta reflexão tem por objetivo relatar o papel da articulação dialógica entre professor e aluno, na formação social do leitor capaz de compreender as várias modalidades discursivas em língua materna e estrangeira. Foi desenvolvido em sala de aula, biblioteca, em anfiteatros, e outros espaços pedagógicos, cujo ambiente favorecia a leitura e a compreensão dos mais variados gêneros dos discursos das diferentes ciências abordadas no ensino médio.

Nessa pesquisa, focalizamos a mediação pedagógica, por meio do diálogo coletivo e entre pares, visando a contribuir com a formação do ente-discursivo do aluno (ente no sentido de “estar sendo”, “em formação”), utilizando-se diversas linguagens que colaborem na ampliação de seu universo cognitivo.

Gostaríamos de enfatizar que as aulas sob o contexto de projetos muito chamaram a atenção do aluno, pois escolhemos temas que refletem a realidade social, cultural e ideológica de nosso país. Considerando que professores e alunos se formam e se interagem em espaços diversificados, respeitamos mutuamente toda e qualquer opinião, sugestão, perspectiva, concepção e a forma de expressar do grupo, e chamamos o projeto de Encontros com o Saber Lingüístico e Literário Sócio-Ideologicamente Construído.

Na interação professor-aluno, ao se desvendar e compreender o discurso que circula em um material simbólico e histórico, a reflexão de sua postura docente revela a natureza dos aspectos que irão definir a atuação do professor como facilitador do processo de análise da estrutura, do funcionamento, dos modos de organização, das condições de produção, dos contextos, os sentidos que se constroem na extensão dos enunciados de um instrumento de análise.

É imprescindível, em um projeto que envolve leitura, conhecer e compreender a organização da comunidade escolar e o conhecimento de mundo dos educandos, um diagnóstico objetivo da realidade sócio-histórica, na qual o processo de interação e aprendizagem irá se desenvolver. Esse processo foi desenvolvido por meio de projetos e temas, como por exemplo: O Eu, o Mundo e a História; A Questão do Tempo: leituras, convenções e concepções , dentre outros.

As aulas foram ministradas sob a forma de seminários e fóruns de debate, com uma visão multiprofissional, sendo que as primeiras propostas temáticas foram ao encontro dos interesses dos alunos pré-universitários. Ao mesmo tempo propomos contribuir para o aprimoramento e expansão dos conhecimentos lingüísticos e discursivos dos discentes que integraram os grupos de estudos durante os referidos encontros. Esses estudos se desenvolveram dentro da seguinte perspectiva didático-pedagógica: diagnóstico, orientação, acompanhamento, avaliação formativa, reflexão e reiteração, com o intuito de perceberem a inter-relação de conhecimentos.

Compreendemos o espaço pedagógico como uma realidade que permite a interação entre seres humanos (interlocutores) com o objetivo de analisar e fazer ciência. A relação dialética entre os saberes sócio-historicamente construídos, a construção social e discursiva dos leitores integrantes do projeto – mediadores e aprendizes – e o processo de análise de um material simbólico e ideológico quando bem orientada contribui para o sucesso na compreensão e elaboração de textos.

Apoiados nesses pressupostos, inferimos inicialmente que a interação na aprendizagem, por meio do diálogo, é essencial no contexto da formação social do leitor, quer criança, jovem ou adulto. Essas reflexões nos levaram a tomar novas posturas pedagógicas e a promover encontros por meio de seminários, envolvendo acadêmicos do Curso de Letras da Universidade de Uberaba de diferentes visões e concepções no estudo crítico de cada gênero discursivo. Desse modo, o fazer pedagógico que era desenvolvido individualmente no 1º semestre de 2004, ou seja, um só orientador, passou a ser conduzido em equipe, no 2º semestre do mesmo ano.

Percebemos que a ação dialógica no cotidiano escolar é um momento de criação de novos sentidos e significações sociais e culturais, levando-nos muitas vezes a transpor limites além das expectativas que uma aula expositiva e descontextualizada, talvez não alcançasse. Nesses encontros pedagógicos para a leitura, as diferentes visões de mundo, entre os interlocutores (críticos), permitiram uma compreensão textual enriquecedora, plural e coletiva, além das fronteiras superficiais da estrutura e do funcionamento dos mecanismos textuais (coesão, coerência, consistência, dentre outros).

Nas situações de interação entre facilitadores e aprendizes, avaliar o processo para reorientá-lo de modo a manter a qualidade do fazer pedagógico e inovar as práticas sociais de referência é um diferencial importante para o profissional que deseja uma formação contínua e reflexiva. Esse diferencial está no sentido de analisar semântica e discursivamente um recorte ou um gênero discursivo, desde as suas estruturas sintáticas até a ideologia impregnada no material lingüístico e/ou simbólico que o revela.

Década de 60/70 antecipação da modernidade

No final da década, em 1969, todos os tipos de periódicos devem ter noticiado a primeira vez que o homem pisa na lua em 20/07/1969, missão Apolo 11, que também foi televisionado, para a maioria das naçoes (BURNS, 2005). Podemos perceber que os fatos se transformam em textos que certamente farão parte da história, por conter a própria história, por conter informações sobre o contexto onde os acontecimentos ocorreram. Por outro lado, as revistas brasileiras devem ter noticiado a crise do petróleo de 1970 até 1974, a qual levou à recessão os Estados Unidos – maior consumidor de derivados, em conflito com o mundo árabe por apoio a Israel – ao mesmo tempo em que economias de países como o Japão e Alemanha começavam a crescer (HOBSBAWN, 2000).

Ao falarmos sobre o contexto mundial destas duas décadas, ai claro incluído o Brasil, podemos falar na descoberta da versatilidade do laser que pode abrir túneis, derrubar aviões e inclusive recuperar um dos melhores jogadores da seleção brasileira, o Tostão, para a copa de 70, por meio de uma cirurgia no joelho. Este fato possa gerou uma entrevista com o jogador, texto muito utilizado para divulgação de contextos e fatos que ocorriam com celebridades, dentre elas podemos citar a revista Placar, lançada na década de 1970.

Também quanto a descobertas tecnológicas, entre tantas outras, gostaríamos de destacar os poderosos aparelhos microscópios que já conseguiam revelar o DNA e o RNA dois ácidos que determinam a hereditariedade nas espécies (MARQUES, 1997). Esse foi certamente um dos grandes passos para os avanços da genética moderna e foi divulgada em revistas especializadas com a Nature que já existia na época, inclusive no Brasil.

Ainda nessa época, algo que deve ter mexido com a vaidade humana: surge o primeiro produto dietético e inicia-se a onda de emagrecer que tomou conta da década, sendo uma notícia que mereceu atenção por parte de todos. Pensando nisso, podemos dizer que revistas como Capricho, Contigo, Sétimo Céu, divulgaram esse fato, na passagem da década de 1960 para 70, juntamente com outras revistas e periódicos interessados em descobertas científicas, assunto que muito atrai a atenção dos jovens, quase sempre atentos à modernidade (VENTURA, 1972).

Outro acontecimento interessante dos anos 60/70, muito comentado na época, foi a robótica com a mão cibernética que executava os mais delicados movimentos com a eficiência de uma mão natural. Não se sabe ao certo a reação das pessoas a todas essas novidades, pois pesquisas como estas exigiam tempo e pessoal disponível para desenvolvê-las (MARQUES, 1997). Porém, jornais como O Globo utilizaram muito a pesquisa de opinião, para divulgar a reação da sociedade a determinados fatos. Assim, foi ventilado alguma preocupação dos trabalhadores com medo de perder seus empregos para as máquinas, porém para afirmar com maior precisão precisaríamos de maiores pesquisas.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Saberes culturais da década de 60/70

Como o lema da juventude era o prazer da velocidade, no ruído ensurdecedor da motocicleta, o vento batendo no rosto e a máquina obedecendo ao comando, o jovem começava a manifestar no mesmo ritmo alucinante do Rock and Roll. Quase sempre, os jornais como a Folha de São Paulo, pioneira na impressão offset a cores no Brasil, veicularam notícias sobre protestos que foram espalhado pelo mundo afora em um mesmo lema social: contra a guerra e a repressão, contra o racismo, e ao mesmo tempo pela paz, pelos subdesenvolvidos, pelos pobres.




Certamente, uma das boas notícias que foi divulgada por jornais da época, tanto internacionais como os nacionais, por exemplo, o Jornal do Brasil foi o acordo assinado entre Estados Unidos e União Soviética pelo desarmamento da era atômica, proibindo experiências nucleares. Desse modo, é um acordo para o fim da chamada guerra fria, sendo esse fato merecedor de inúmeros artigos jornalísticos pelo mundo, inclusive em telejornais.

Além da grande variedade de bons jornais escritos espalhados pelo mundo afora, nos mais diversos países e cidades, os telejornais ganham grande impulso e começa a levar os acontecimentos mais rapidamente para os lares e as escolas brasileiras, como por exemplo, a independência política a 19 países da África (MARQUES, 1997).

Por outro lado, politicamente nem tudo foi tranqüilidade nessas duas décadas, exigindo da sociedade movimentos culturais contra as guerras como o Movimento Hippie contra a Guerra do Vietnam, deixando no planeta um dos mais famosos temas: paz e amor. Esse movimento foi também chamado de contracultura, mas que viram no Rock and Roll uma forma de reinvidicar a paz pelo mundo. Essas e outras manifestações culturais também deve ter sido muito noticiado por jornais, telejornais e revistas como a Time, O Cruzeiro, Manchete.

Outro fato que comprova que nem sempre a política foi harmônica entre os países e no interior dos próprios países, são assassinados três lideres norte-americanos: John Kennedy, Martin Luther King e Bob Kennedy. Em virtude desse contexto, é provável que os textos sobre essas mortes tenham sido divulgado em jornais, telejornais, revistas, como a Veja e a Revista do Rádio e TV. Esta ultima revista foi lançada até inicio de 1970.

O grande agitador Che Guevara, que muito influenciou os jovens pelo pensamento de liberdade, sem o apoio dos partidos comunistas morre em 1967 na Bolívia, sem implantar o socialismo na América Latina. Por ser uma figura muito apreciada pela juventude, sendo estampado em camisetas até hoje, o argentino Ernest Guevara, apareceu em vários contextos como panfletos, biografias, murais, até chegar às salas de aula, como parte integrante da história, presente no livros, poemas e musicas.

Um acontecimento religioso que merece destaque, nessa mesma época é o falecimento do papa João XXIII (em 1963) e o papa Paulo VI, contrário a toda a política do vaticano, deixa a Itália e vai à Terra Santa no Oriente Médio (BURNS, 2005). Certamente, esses e outros fatos relativos a religião devem ter sido alvo de reportagens pelo mundo inteiro, e divulgadas em jornais como por exemplo no Estado de Minas, que comemorou 80 anos de existência em 2008.

Anos 60 e 70 - Retrato de uma Realidade

Os anos 60 tiveram como marco a grande influência de idéias de liberdade que retratava a chamada geração hippie, resultando na oposição dos jovens dessa geração à sociedade de consumo vigente.
O movimento, que nos 50 vivia restrito aos bares nos EUA, passou a caminhar pelas ruas nos anos 60 e influenciaria novas mudanças de comportamento jovem, como a cultura popular e o pacifismo do final da década (NEVES, 2005).
Naquela época, a transformação do jovem iria ser radical. Até a moda passou a ser alvo de mudanças, era o fim da chamada “moda única”, que passou a ter inúmeras propostas, tornando a forma de se vestir cada vez mais ligada ao comportamento (CASTILHO, 2005). Assim sendo, surge a moda unisex, com roupas de mesmo modelo para ambos os sexos, como por exemplo, as calças Jeans..
A todo esse conjunto de manifestações que surgiram em vários países deu-se o nome de contracultura, que consistia numa busca por um tipo de vida alternativo, à margem do sistema oficial (NEVES, 2005). Pertenciam a esse novo comportamento o uso de cabelos longos, roupas coloridas, misticismo oriental, música e teatro de rua.
Esse movimento influenciou e transformou o modo de pensar e agir da sociedade; as mulheres conquistaram, dessa forma, maior liberdade e passou a marcar presença efetiva nos movimentos políticos a partir da década de 60, na grande maioria dos países. No Brasil, por exemplo, lutaram e fizeram parte de movimentos pró-anistia contra o militarismo.
Em virtude do Golpe de 64 e da repressão militar, somente na década de 70 é que se retoma o processo de reorganização dos movimentos feministas no país. É, contudo, num dado momento específico, intitulado como “a luta pela anistia” que a presença dos jovens na esfera pública torna-se mais significativa, no final da década de 1970 (VENTURA, 1972).
No cenário das artes, de 1966 a 1972, apresenta o estado de espírito inovador que definiria os anos 70 - a era dos festivais de músicas e shows em espaços abertos. Em contrapartida os jovens se lançam à suposta liberdade, revelando as experiências com substâncias químicas alucinóginas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos (VENTURA, 1972). Nos anos 70, também revolucionários no Brasil, o povo assiste pelos telejornais, as conquistas e repressões daqueles que lutavam pela liberdade de expressão e contra a censura.
Trata-se de duas décadas que foram retratadas de diversos modos, inclusive seriado entitulado “Anos Rebeldes” (Rede Globo) que foi apresentado na década de 1990, no mesmo ano do empeachment de Fernando Collor.
É importante dizer que a rebeldia juvenil não é uma particularidade dessa época, mas nos anos 60/70, ela deixou de ter simples motivações psicológicas para ganhar componentes sociológicos novos e se constituir em manifesto social (NEVES, 2005). Ao voltar na história, percebe-se que os anos 60 e 70 foram de luta e recusa, pacífica ou violenta, mas sempre radical, sendo o contexto em que se desenvolveram muitos textos da época, como o jornalístico, o literário, o televisivo e outros.


domingo, 4 de julho de 2010

Quadrão

Quadrão é um dos muitos estilos da poesia popular. Como exemplo de quadrão, destaco o trecho abaixo retirado do livro 'Violas e Repentes' de F. Coutinho Filho. Muito tocante e impressionante o conhecimento dos cancioneiros nordestinos do inicio do século XX. Atenção, pés (singifica versos):

Longe do mar de Netuno

O cocheiro Faetonte

Percorria o horizonte

No seu côcho de tribuno

De Anfitrite e de Juno

Tinha ele a proteção!

Apolo, tendo na mão

Um livro de poesia

Me ensinou com galhardia

Cantar dez pés em quadrão.


Cultura e Educação

Gostaríamos de ressaltar que a diversidade cultural que se constrói sócio-historicamente em múltiplos processos tem, na escola, o lugar privilegiado para ser abordado, pesquisado, debatido. A cultura popular é uma das bases do patrimônio social e cultural brasileiro, já que constitui uma unidade envolvendo o diverso, uma identidade dinâmica que se enriquece e se transforma na história.
São muitos os significados e a abrangência dessa cultura pois encontramos uma heterogeneidade de manifestações, variáveis e eventos contidas na arte e expressão popular de um povo. Nesse panorama, encontramos várias festas religiosas, diferentes maneiras de lidar com a culinária e a medicina popular, o ofício do artesão, as modalidades textuais diversas e, portanto, diferentes modos de atuar e se relacionar com a cultura nacional.
Embora a Educação caminhe pelo viés da cultura erudita e científica, a presença da cultura popular no cotidiano dessas duas formas culturais é inegável e enriquecedora. Isso porque a erudição e a popularidade caminham juntas, entrelaçando-se, mesclando-se por meio do dinamismo das relações sociais. O que não pode acontecer é de a escola e a sociedade valorizar mais o trabalho intelectual do que o manual, como se este último não fosse constituído de criatividade e saberes necessários ao seu desenvolvimento e aprimoramento.
Entretanto, não se pode negar que por meio desse dinamismo toda e qualquer manifestação cultural – popular ou erudita – é passível de ser modificada pois não se tratam de eventos e fenômenos estanques. Porém, a fidelidade às maneiras tradicionais de lidar com esses ofícios e expressões populares é necessária, para que na estilização não se distancie da proposta inicial, estereotipando sua constituição primeira. Nesse sentido, é muito importante se respeitar as datas em que determinadas festas, danças, celebrações e cerimônias ocorrem. Não se deve, pois, relegá-las a um único mês na tentativa de condensar e usufruir da cultura do povo, apenas em Agosto como o mês do folclore. Há que se tomar cuidado, inclusive, quanto às indumentárias, às coreografias, aos textos e outros acessórios que compõem essa manifestações.
Quando se lida a diversidade cultural na escola, pensa-se na formação pessoal do educando, tomando a cultura como instrumento de preservação da memória nacional e ao mesmo tempo promotora de mudanças sociais. As manifestações populares não implica cultura de massa, e sim um conjunto de saberes à disposição do povo brasileiro. A compreensão e apreciação desses saberes envolvem o conhecimento de como foram produzidos em seu processo de formação, o resgate e o exercício da multiplicidade das expressões artísticas literárias e festivas brasileiras.
Uma Educação articulada com a Cultura Popular significa uma maior flexibilidade dos conteúdos curriculares. Ao atender a diversidade social e cultural, a escola é um espaço ideal para refletir sobre a memória, as múltiplas culturas e o patrimônio histórico de uma nação. Nesse sentido, é importante que os cursos de formação de professores e educadores abordem o aspecto multicultural no processo de aprendizagem, capaz de perceber, ouvir, comunicar, atentar e lidar com as diferenças.
Ressaltamos que o estudo e a aplicação da sabedoria popular na sociedade valorizam a identidade coletiva, repleta de simbologias, signos, valores que enaltecem o modo de ser do povo brasileiro. Nessa perspectiva, a escola há que contemplar em seu Projeto Político Pedagógico, uma proposta consistente que caminhe para a pesquisa e contribua para que as novas gerações tenham acesso e responsabilidade na preservação de um estilo de vida brasileiramente arraigado em nossa alma.
Por se tratar de uma traço cultural, cuja tradição e apreço de famílias inteiras se preocuparam em perpetuar, os educadores, solidários com o compromisso de formar cidadãos, devem intermediar o processo educativo como promotores e facilitadores da construção sócio histórica, dentro da perspectiva da aprendizagem compartilhada. Essa modalidade de educação propõe uma ação educadora na qual há um intercâmbio cultural entre os integrantes do processo de construção de conhecimento, por meio da mediação de saberes entre os pares docentes e discentes.
Vimos que a literatura oral possui um amplo acervo de modalidades textuais, e, por isso sugerimos, como agentes do processo educativo, que seja trabalhado, na Língua Portuguesa-Brasileira, não só a morfologia e a sintaxe, mas elementos da semântica, o discurso e sua expressividade. No que se refere a literatura propriamente dita, observamos a grande variedade de gêneros, em prosa e verso, que estão à disposição de um estudo literário que contemple beleza, ética, estética e valores humanos.
Encerramos com um trecho da obra de Antônio Augusto Arantes (1984, p. 78) salientando que existem pesquisadores e educadores que reforçam a idéia de tratar a cultura popular como uma realidade científica: “(...) fazer teatro, música, poesia ou qualquer outra modalidade de arte é construir, com cacos e fragmentos, um espelho onde transparece, com as suas roupagens identificadoras particulares e concretas, o que é mais abstrato e geral num grupo humano, ou seja, a sua organização, que é condição e modo de sua participação na produção da sociedade. Esse é meu ver o sentido mais profundo da cultura, “popular” ou outra.”

Autor: Antonio Carlos Tomás Fialho Magalhães - Twitter: SaberFolclorico

Cultura folclórica ou erudita

Acredito nas diferentes possibilidades de saberes, desde que estes venham enriquecer o bem-estar da humanidade. Abomino tudo aquilo que é violento e destruidor. O diálogo deve ser cultivado, como o sorriso nosso de cada dia. O ser humano precisa se aconchegar mais aos olhares do outro e perder o medo da entrega sincera a todos aqueles que encontramos no nosso dia a dia. O cotidano das horas é que irá nos tornar verdadeiramente humanos, lembrando que tornar-se pessoa implica ser essencialmente um ente de comunicação, de linguagens múltiplas (Antonio Carlos Fialho Magalhães) Twitter: SaberFolclorico. Assim, ofereço flores a todos vocês que apreciarem este blog. Sejam FELIZES!!!



Corroborando essas palavras, acrescento as idéias de Carlos Brandão, um famoso estudioso do Folclore Brasileiro.



"A não ser que queiramos trabalhar com essências puras, o que não é muito adequado aos casos do homem, da sociedade e da cultura, poderemos concluir que todas as relaçoes são possíveis e estão sempre articulando-se: a cultura erudita produz partes (idéias, crenças, saberes, artes, tecnologia, artefatos) que se tornam populares, que se folclorizam. O popular, que alguns séculos antes terá sido fração de uma restrita cultura de intelectuais, de novo torna-se erudito, restrito, próprio às classes dominantes."

Grande Abraço

REFLEXÃO INICIAL

A coisa mais importante que você possui é o dia de hoje. O dia de hoje, mesmo que esteja espremido entre o ontem e o amanhã, deve merecer sua total prioridade. Só hoje você pode ser feliz; o amanhã ainda não chegou e já é muito tarde para ser feliz ontem. A grande maioria das dores é fruto dos restos de ontem ou dos medos de amanhã. Viva o dia de hoje com sabedoria; decida como irá alimentar seus minutos, o seu trabalho e o seu descanso, e faça tudo o que for possível para que o dia de hoje seja seu, já que ele foi lhe dado generosamente. Respeite-o de tal maneira que, quando for dormir, você possa dizer: hoje eu fui capaz de viver e de amar! (Autor Anônimo - In: Diário de Bitita)