sexta-feira, 9 de julho de 2010

NARRATIVA MUSICAL NO ROCK BRASILEIRO

Nas décadas de 80 e 90, sobretudo após a abertura política e a extinção da censura, surgiram várias canções “revolucionárias”, refletindo o cotidiano brasileiro e abordando temas reais, combatendo a miséria social e cultural que assolavam o país pós ditadura militar. Nesse panorama, os Rocks nacionais tiveram expoentes como Legião Urbana, Cazuza, Barão Vermelhor, Capital Inicial, Titãs, Paralamas do Sucesso, Cássia Eller, Marina Lima e muitos intérpretes.

Em meados da década de 80, lança-se no cenário da música brasileira uma banda de Rock entitulada Legião Urbana, revestida de irreverência sem perder o compromisso com a informação. De um manancial de músicas editadas e cantadas por essa banda, pode-se citar, como narrativa musical, Eduardo e Monica – Cantada por Renato Russo, integrante da banda Legião Urbana, compositor e intérprete de uma arte voltada para os valores nacionais, que procurava articular o poder político e o poder social.

Vale ressaltar que a dimensão artística bem como a linguagem utilizada pela Legião Urbana são de um valor inestimável e não caberá aqui aprofundar as questões estéticas e de estilística. Por conter uma narrativa, a música que conta estórias pode ser analisada à luz da Literatura, em uma abordagem rica e versátil. Aqui, trata-se de um ensaio despretensioso, que convida o leitor à reflexão da possibilidade de abordar o foco narrativo em letras musicais, tão presentes nas obras primas da arte brasileira.

Gostaria de ressaltar que apoiados na música e outros textos é possível analisar, conhecer e estudar não só o gênero, mas ainda as tipologias textuais ali presentes. Além da mensagem que o texto sugere, inclusive as subliminares, uma proposta que defendo é propiciar o aperfeiçoamento e a ampliação da gramática natural, emergindo-a por intermédio da construção dos sentidos múltiplos que a poesia oferece e, mais especificamente, as letras de música.

Embora se equipare a um conto ou mini conto, as músicas contêm um foco narrativo, nesse particular, temos o narrador onisciente neutro, fala em terceira pessoa e a obra tende a um desfecho inusitado, embora tenha poucos recursos de cena. Pela onisciência, o narrador parece conhecer muito bem os personagens.

Nos estudos do idioma brasileiro, há que se vincular, à prática social da linguagem, o diagnóstico da comunidade discursiva dos educandos e de sua maturidade cognitiva e lingüística. A partir desse ponto, passa-se a analisar as questões literárias, respeitando as variações estéticas e, posteriormente, apresenta-se, com os alunos, novas formas de produção e interpretação de textos.

Não se deve, apenas, retirar do texto as regras da gramática normativa ou os elementos da gramática descritiva, mas ir além, propiciar momentos de reflexão, criando situações com as quais o aprendiz irá experimentar os acervo lingüístico-literário pela construção textual, tudo isso a fim de dominar os sentidos e os recursos da língua e literatura.

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