quarta-feira, 7 de julho de 2010

SAILING ON THE TEXT

Time and inspiration invite me to sail on the text with form and oars as who sails in a wooden boat. A ship made in my mind goes through yours disguised with tattoos, bright icons and wonderful designs. While decoding my thoughts, the sight of the images takes me through the letters with which I steer the words, guide people and give information to you that accompany the unrolling of the papyrus. Thus, with this introductory tenor, I intend to involve the mind of whom is in search of the comprehension, using a unique moment of a whole life of reading and translations.

From these passages made of codes, well drawn and defined, from these words extracted from the harbor of my personality, I elaborate a map with a treasure-trove to guide you to an unknown forest. Because, when I am cruising I take care to give you some tracks that contain sentences and phrases to attract the reader to my soul. The latter, as an errand at the beginning of the journey, covers the spaces and the sands without knowing which way I am going to take your imagination. At the same time I dream with a person to whom I write and I hope the dreamer is a reader digest of pages and books still in construction.

Then, I hold the anchor, throw it into the ocean, and with your knowledge I make you dive in the sea of imagination. Under the water you can see a wonderful and fantastic new world. From the corsair I can see a distant land and to commemorate due to the discovery I climb up the mast, send a bird with a message in order to arrest your attention for a few minutes and travel with you to a country of paragraphs. Afterwards I invite you to swim in the beach of ideas, reader of the hours, to spread our emotions, to color this piece of paper and give life to this young text.

Therefore, with the treasure already found, with which we can buy some fish and make a good supper to fill the hours and the void of this sheet, I jump into the immense vocabulary made of signs, linked in cohesion and coherence. I make with this innovative discourse, new brigs, sails and flags to compose a new work of art like a buried golden treasure. If I want do reach and in the next quay full of knowledge, then I discover lots of books and a whole encyclopedia, as we have several words and this world is so wide. I unload the floating dock and I choose the readers to bring them on in order to explain this new ideology from my lack of wisdom and culture.

The fact is that, as a captain of this linguistic ship I must give sense to my creation and reveal all the clues hidden in the map. With many kinds of tools, I must be able to carve until I find another theme to write about. Using printers as cargo ships, papers as sand an computers as a compass I really wish I would travel crossing every continent by sea. And at the end of this adventure I would meet you, my readers just to say goodbye and deliver to your soul the contents of my own.

Antonio Carlos Tomás Fialho Magalhães

NARRATIVA NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

Antônio Carlos Tomás Fialho Magalhães


Embora, o foco narrativo seja, em sua maioria, analisado nas estruturas em prosa, encontramos narrativas em diversas músicas da MPB (Música Popular Brasileira). Nesse sentido, de autor, o compositor/poeta passa a narrador, ao criar uma obra literária em versos. A literatura como arte se expande em horizontes amplos e com base na maturidade cognitiva o ser humano idealiza e alcança sua mensagem desvendando o construto semiótico que a obra literatura propõe. Por intermédio dela, nossa consciência flui em linguagens interiores e exteriores, enriquecendo as ações e práticas linguajeiras.

Ao elaborar, ler, interpretar uma poesia, nos colocamos à mercê de uma atividade prazerosa e ao mesmo tempo especializada do idioma, na qual o ritmo e a harmonia se fundem construindo sentidos por meio de uma estrutura própria. Diante da música temos ainda o interpretar do cantor e coro, os arranjos musicais que integram o gênero e o caracteriza, como diferente do teatro, da prosa, sem se distanciar, entretanto, do literário.

A presença da literatura na música se faz sentir pela própria arte na qual se articulam uma e outra. Como lembra Proença Filho (1990, p.7): “os versos remetem a uma realidade dos homens e do mundo, mas muito mais profunda do que a realidade imediatamente perceptível e traduzida no discurso comum das pessoas.” Nessa perspectiva, existe uma aproximação entre a dimensão real e o momentum artístico, que permite alcançar a significação que as palavras exercem na visão semiótica da poesia.

Existe um feixe de obras literárias, principalmente o teatro, que trazem em seu texto, músicas ali inseridas, muitas das quais são extraídas da cultura popular brasileira. Nisso reside uma das preocupações da música ao lidar com as circunstâncias do cotidiano: explorar o instrumental melódico vinculado a um universo lingüístico vasto e rico que propicia leituras e releituras.

Como texto, e possuindo um discurso próprio, a música se vincula a uma representação de diversas realidades em infinitas combinações, tanto que são várias as canções que abordam o amor, com matizes, temáticas e arranjos textuais completamente diferentes. Pode-se dizer que a música tem ressonância no ser que a aprecia, despertando-lhe emoções, recordações e mesmo revoltas e rebeldia até então latentes e quiçá ainda não vividas.

Quando se utiliza a música como gênero literário, encontramos em sua versatilidade versos narrativos e como conseqüência um foco narrativo, ora onisciente, ora testemunha, ora protagonista. A beleza do ritmo e harmonia se fundem em melodia impregnada por signos e/ou símbolos lingüísticos, e então surgem as canções, as baladas, os sambas e outros gêneros do discurso musical. Ao mesmo tempo quem está diante de uma partitura de música, está na presença de uma manifestação literária. Percebe-se que as tipologias textuais, abordadas na Lingüística, estão presentes nas poesias e nas letras constituintes das diversas canções do acervo da música mundial.

Na apreciação de uma música, sem dissecar seus sentidos e sua beleza artística, devemos focar na recepção e interpretação do interlocutor com o qual ela dialoga. Como obra literária, as canções são passíveis de encerrar narrativas e, portanto, possuidoras de um foco narrativo peculiar, como nos contos e mini contos. Por conter cultura, arte e compromissos sociais, nesta reflexão, mais uma vez nos serviremos da música para resgatar, enaltecer a criatividade e inteligência do povo brasileiro. Apesar de os jovens se distanciarem cada vez mais da leitura, necessário se faz desmistificar a literatura e passar a estudar também as tipologias textuais presentes nas canções e nas poesias.

Os educadores devem procurar trabalhar a cultura brasileira em todas as suas dimensões, com o objetivo de manter uma tradição, um povo, uma nação. Vislumbra-se, atualmente, um ensino fundado nos gêneros do discurso, inclusive, em músicas extraídas do contexto popular brasileiro, na tentativa de resgatar o valor do texto e ampliar sua circulação e interesse entre a juventude e a sociedade brasileira.

Ao se tratar do valor real e social da música, enquanto veículo de informação, podem-se destacar as manifestações artísticas que visaram combater o militarismo e as desigualdades sociais de nosso país. Para tanto, basta se reportar à história do Brasil dos anos 70, na qual as atividades musicais desdobravam-se em discurso político de esquerda, e não raro as obras de Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, eram censuradas por serem consideradas atos subversivos.

O Momento da Produção de Uma Poesia

Perguntara-me um amigo, o que acontece no momento em que surge a produção textual. Eis que lhe respondo: o “momentum” da produção textual, aquele no qual há uma transposição do mundo real para o mundo escrito, surge de uma força, de um ímpeto que nos convida a viver em um universo paralelo, no qual o real passa a segundo plano e as idéias ao primeiro. É o instante em que o pensamento liberto do contexto circunstancial, flui e busca registrar um sentido estético e/ou um realismo fantástico. Como se estivéssemos caminhando e, de súbito, uma mão nos puxasse pelo braço, para conhecer o interior de uma galeria de arte, sem perder, no entanto, o contato com o mundo exterior. Da inspiração à escrita, há um limiar quase imperceptível.

A psique imersa no pensamento procura um sentido completo desde a apresentação à conclusão do ato de fala. O voltar ao mundo real depende da extensão do texto e da decisão de pelo menos um dos interlocutores em finalizar a atividade de linguagem. No caso da escrita a decisão fica, quase sempre, por conta do escritor. Seja na poesia, seja na dissertação, uma vez iniciada a atividade em si, há uma certa tendência em querer esgotar o assunto. Ao retornar, existe uma relutância em passar a outra atividade, abandonar a concentração. Cabe dizer que ao escrever, nos dirigimos a interlocutores subjetivos, já que o discurso não sobrevive sozinho, pois trata-se de uma “prática social de referência”.


Antônio Carlos Tomás Fialho Magalhães