quinta-feira, 31 de maio de 2012

UMA FORMAÇÃO PARA O FUTURO: LIMITES E POSSIBILIDADES

MAGALHÃES, Antonio Carlos Tomás Fialho. Uberaba: Oficina de Ensino e Projetos Educacionais, Janeiro, 2006.

Muito tem se discutido sobre a formação do professor sob a perspectiva de uma prática pedagógica transformadora, porém ainda não se definiu o caminho a ser trilhado para uma efetiva atuação que definisse qual o tipo de transformação realizar. Nessa linha de pensamento, o profissional tem que estar ciente atualização em práticas docentes de vanguarda, inovadoras e que vá atender à comunidade escolar e a diversidade humana.

Sabe-se que algumas escolas já possuem projetos de pesquisa colaborativa na área de formação de professores com o objetivo de conferir-lhes autonomia e emancipar sua dependência frente a outros profissionais, e isso se dá principalmente no que se refere à informática educacional. Fala-se muito em processo de aprendizagem cooperativa, isso porque, nesse contexto, se encontra a construção e o aprimoramento de competências destinadas à prática de ensino, articuladas entre o individual e o coletivo.

O processo de interação caracteriza-se pela atividade compartilhada, sendo dirigida conjuntamente pelos sujeitos envolvidos nesse processo. A base de toda a atividade cooperativa é a ação conjunta, há negociação de conflitos, estabelecendo-se uma teia de relações. Nesse quadro, não se deve conceituar aprendizagens coletivas como um conjunto de processos individuais, e sim como o resultado de intercâmbio de informações e da colaboração de todos os profissionais docentes de uma dada escola e ou curso formativo.

Ao tratar a formação do professor como uma modalidade coletiva de aperfeiçoamento, implica dizer que os atores cooperam entre si para alcançar objetivos e metas comuns, rumo ao sucesso escolar e desenvolvimento cognitivo dos educandos. Entretanto, para que uma ação coletiva seja implementada na escola, necessita-se de um desenvolvimento do espírito de equipe consistente, visando à aquisição, registro e produção de novos conhecimentos, práticas e experiências disponíveis na e para toda a instituição.

Dessa forma, por meio de saberes de diferentes procedências e naturezas, pertencentes ao indivíduo ou ao grupo de trabalho cooperativo, irão se formar uma teia de conhecimentos a serem incorporados no rol de colaborações e contribuições de todos os integrantes da equipe escolar. No entanto, deve-se ressaltar que o processo coletivo de aprendizagem não se programa pela simples acumulação de experiências e práticas colecionadas ao longo da formação, e sim quando teorias e práticas forem coletivamente utilizadas por todos os envolvidos no processo educativo.

Tal processo deve atender às necessidades pedagógicas da escola, dos alunos e da equipe docente bem como permitir o compartilhamento de aprendizagens, a reflexão de experiências novas, o confronto e a análise dos resultados obtidos no espaço escolar. Nesse modo de pensar, a equipe deve procurar trabalhar coletivamente, sempre que possível, de modo que as disciplinas dialoguem entre si e o professor saia do isolamento da sala de aula e comece a trabalhar os conteúdos de forma interdisciplinar.

Quando se tem a intenção de se transformar uma realidade, articulando saberes em torno de um objetivo comum, tal decisão favorece uma dinâmica interativa que as ações, redimensionando a prática pedagógica, construindo novas competências amplas e versáteis. Nesse contexto, as relações de parceria entre os diferentes profissionais da escola e os inseridos nos cursos de formação continuada que não pertencem à escola se alargam em uma perspectiva rica e promissora.

A formação do professor – reflexivo, crítico e transformador – traz implícita a necessidade do domínio de seus instrumentos de trabalho. A competência profissional é o primeiro compromisso pedagógico que o professor deve assumir para a transformação da sociedade. Será por meio dessa competência que o professor educador irá formar novos sujeitos críticos, utilizando-se da articulação dos conteúdos escolares com a prática social do conhecimento. Obviamente, que as mudanças na prática do professor não se dará espontaneamente, já que a sociedade tecnológica sugere um rompimento com práticas tradicionais e a partir daí se forme um novo profissional, comprometido com a luta pela transformação da realidade social e histórica.
A EDUCAÇÃO DO FUTURO


MAGALHÃES, Antonio Carlos Tomás Fialho. Uberaba: Oficina de Ensino e Projetos Educacionais, Janeiro, 2007.

Em função das transformações que têm ocorrido na sociedade, temos notado que nos espaços escolares, os comportamentos e atitudes dos alunos modificaram, se compararmos aos discentes da década de 70. O reflexo das artes, das ciências, da tecnologia, na cultura atual, mostra que o jovem já não acredita naquela Educação conteudista de décadas atrás. Nesse sentido, modifica-se inclusive a didática e como conseqüência pratica-se como o conhecimento acontece na sociedade.

Podemos notar que com o advento da era da informática, houve uma nova maneira, inclusive, nos jogos e brincadeiras, que hoje está cada vez mais eletrônico. A Educação não poderia ser diferente. Pois hoje a questão da distância, já superou os espaços educativos, transformando os lares e os locais de trabalho e espaços integradores à escola. Em outras palavras, com a tecnologia do computador, TV, vídeo, revistas e outras, pode-se trazer a teoria mais próxima da prática, mostrando documentários, filmes, vídeos de músicas, peças teatrais, entre outros eventos. Assim com as transformações mundiais, modifica-se a didática, pois a abordagem da teoria está mais versátil.

Uma das transformações que globalização sugere é a formação das pessoas em suas mais diversas dimensões, inclusive trazendo para o sistema educacional, o ensino fora da escola, na modalidade de Educação à Distância. Obviamente que o contato entre as pessoas oferece mais vantagens na formação, pois a consciência e convivência coletiva se formam, também, no cotidiano escolar. Essa modalidade tem traçado rumos incertos na educação, quanto à qualidade e eficiência, pois os frutos dessa formação ainda não surtiram efeito suficiente na sociedade, para uma avaliação mais profunda. Por outro lado, quando interagimos com o aluno, diariamente, cria-se uma relação interpessoal formadora de posturas, de conceitos, de valores, de comportamentos: profissional e pessoal.

No entanto, acreditamos que a Educação do Futuro, esteja apontada para mudar os rumos do processo educativo que tende a ser mais dinâmico, mais rico, exigência da própria sociedade. Diante disso, o professor pode modificar paradigmas da educação e assim colaborar para as mudanças necessárias ao bem estar coletivo, construídas com a ajuda do entorno da escola. Nesse sentido, o professor tem uma tarefa muito importante que é instrumentalizar o aluno para viver bem com o outro, respeitando a diversidade humana.

Para tanto é necessário planejar boas aulas de modo que se produza conhecimento em sala de aula. Dito de outra forma, o professor ao levar um temático repleto de curiosidades científicas, há de exercitar a consciência crítica dos alunos e questionar a própria ciência e assim, com a bagagem cultura de cada um (conhecimento de mundo), construir um novo conhecimento. O ato de planejar as aulas possibilita ao professor um olhar diferente a cada novo dia, colhendo informações juntos aos alunos sobre a temática que irão falar na próxima aula. Aulas boas significam conquistar a confiança dos atores da educação e atuar de modo a integrar as diferenças em um cotidiano salutar e com convivência harmônica entre si.
O PROFESSOR DIANTE DAS INCERTEZAS DO SÉCULO XXI

MAGALHÃES, Antonio Carlos Tomás Fialho. Uberaba: Oficina de Ensino e Projetos Educacionais, Março, 2006.

Formamo-nos e somos formados em meio a uma rede de interações entre as ciências e os indivíduos e nas relações múltiplas e complexas que existem entre elas. A formação do ser humano, portanto, se encontra enraizada em uma teia de convivências, tanto no contexto escolar, quanto fora dele, em um processo contínuo e, portanto permanente, como a própria formação do homem. No entanto, dentro dessa teia de ciências e conhecimento, o mundo, por meio do relativismo que circula em torno das concepções e teorias, tem trazido incertezas e isso reflete diretamente no processo pedagógico.

Assim sendo, a formação de professor deve ser vinculada ao processo de formação pessoal, no qual o docente se modifica diante das transformações que ocorrem, velozmente, no mundo das ciências, da tecnologia e, por conseguinte na forma como tratar os conhecimento em sala de aula. Nessa perspectiva, o próprio educador descobre referenciais que irão contribuir para seu processo de desenvolvimento pessoal e profissional, que apontam os caminhos para essa formação.

Dentro de uma formação reflexiva, a equipe docente, em momentos oportunos e que exijam uma atuação criativa e modificadora de comportamentos, atitudes e postura crítica, deve romper com modelos tradicionais de ensino. Essa ruptura pode nascer da demanda por uma ação mais singular, às vezes personalizada e individual.

Permeada pela realização, sucesso e formação pessoal (já que formação é um processo contínuo e por toda a vida), a formação profissional é também o resultado de ações educativas que efetuamos no cotidiano de sala de aula, ora indo além das expectativas. Dessa forma, grande parte da formação do ser humano ocorre na medida em que o educador – no convívio frente às situações de sucesso, fracasso ou ineficiência do processo – começa a perceber que a qualidade do ensino deve ser também analisada de acordo com as mudanças sociais e incertezas que envolvem o futuro do planeta.

Nesse contexto, alguns professores se apropriam, são flexíveis e acreditam na importância de conhecer novos modos de atuação e novas maneiras de encarar as diferenças, os espaços e tempos escolares. Inseridos na sociedade da informação, professores e demais atores da educação irão perceber que as mudanças sociais ocorridas mediante o uso do computador, da tecnociência, da nanotecnologia sugerem novas atitudes docentes que reflitam e analisem a maneira tradicional de produzir conhecimentos, não apenas para adaptar procedimentos, mas sobretudo para repensar o processo educativo a fim de enfrentar os novos desafios instituídos pelos avanços tecnológicos.

Parece existir certa resistência por parte de professores que se formaram há mais tempo (diríamos há duas décadas) e até têm mostrado um certo desconforto ao lidar com práticas pedagógicas apoiadas nas transformações sociais e tecnológicas. Para ilustrar, tal desconforto e resistência podem ser oriundos do fato de que a introdução do computador na escola é acompanhada de uma grande expectativa com relação à modificação da própria relação educativa, na medida em que há uma representação social extremamente positiva em torno do potencial do computador, capaz de transformar os processos humanos.

Entretanto, anterior à entrada de qualquer postura de vanguarda no contexto escolar, deveria haver uma capacitação dos docentes para que estes pudessem alterar qualitativamente a dinâmica da mediação pedagógica. Isso evidencia a necessidade de se redesenhar o atual modelo de formação de professores, para que inclua, na medida do possível, a apropriação contextualizada e crítica das novas ciências advindas dos avanços tecnológicos, tanto nos cursos de formação inicial quanto nos cursos de atualização docente.

Contudo, nesse panorama, a falta de sentido e objetivo prático de certos cursos e atualizações, levam ao fracasso e a uma formação inadequada e inoperante. Quando tais eventos são criticados, os idealizadores defendem a idéia de que os participantes não captaram a filosofia da proposta, foram resistentes às inovações e mudanças ou ainda não tiveram base teórica para alcançar essas inovações. Na realidade a deficiência está na proposta que não atendeu as expectativas dos professores, pois tal proposta não era condizente com a realidade teórica e prática que a sociedade e os próprios alunos demandam atualmente.

Concluindo, uma proposta condizente com as demandas sociais e cientificas implica a aquisição de conhecimentos (teoria) e sua relação com os saberes produzidos na formação profissional, no cotidiano escolar (prática). Dessa forma, pode-se criar ações pedagógicas inovadoras à medida que o docente compreender as relações entre conhecimento científico e conhecimento prático-pedagógico.
SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O PAPEL DO PROFESSOR

MAGALHÃES, Antonio Carlos Tomás Fialho. Uberaba: Oficina de Ensino e Projetos Educacionais, Março, 2006.

Não se pode negar que o planeta se transforma a cada dia, seja em sua geografia, geologia e condições climáticas, seja na cultura, na inter-relação entre os povos, na estrutura política. Diante disso, o professor, que tem a função de assegurar que os conhecimentos de sua área de atuação, articulados com os saberes de outras ciências, sejam mediados aos alunos e propiciem momentos de uma construção crítica da prática social do conhecimento, deve estar sempre em contato com outros profissionais e, então, aprender e ensinar práticas pedagógicas voltadas para o convívio saudável entre as diferenças, no contexto escolar e social.

Longe de apresentar respostas prontas e conclusivas à temática sociedade e conhecimento, essa reflexão procura levantar questões e explorar proposições que apontam para necessidade de novos estudos e atualizações da prática de ensino, da organização do cotidiano escolar, voltados para os avanços tecnológicos e científicos da sociedade contemporânea. Atualmente, vivemos bem busca de uma articulação entre currículo, e o processo de formação continuada, cujo enfoque está voltado para o espaço escolar, como desencadeador de novas aprendizagens sobre a prática do magistério.

O que muda e o que permanece no exercício da profissão docente é conseqüência de modificações na sociedade planetária, que se reflete em todos os segmentos da sociedade local, no início do terceiro milênio. Tais modificações sociais se fazem presentes no uso dos instrumentos de trabalho, nas novas concepções de aprendizagem, nas descobertas tecnológicas e científicas. Tudo isso, por sua vez, influencia na maneira de os jovens, crianças e adultos, em fase de escolarização, se comportarem diferentemente de seus antepassados, valorizando a informação e o conhecimento com outros critérios de apreciação e interesse

Dessa forma, na formação de professores, a capacitação do docente para lidar com o instrumentos e estratégias inovadores como a informática aplicada a educação por exemplo, deve ser ampla de modo a torná-los aptos para o desempenho de funções e atividades vinculadas à sociedade da informação. Em virtude dos avanços das novas tecnologias, vive-se atualmente em uma sociedade da informação e da comunicação, implicando isso no aparecimento de novas concepções nas esferas política, ética e moral, em que, progressivamente, os valores e tradições se modificam; novos hábitos, necessidades de consumo e novas atitudes se impõem.

Isso vem refletir, em larga escala, no processo pedagógico, uma vez que esse cenário sugere mudanças curriculares, novos conteúdos, novas estratégias, novos recursos, novas habilidades e competências. Desse modo, as estratégias de ensino, até então utilizadas, fruto de posturas aprendidas nos cursos de formação inicial, tendem a ser transformadas em práticas de ensino inovadoras e dinâmicas, pelo processo de formação continuada e permanente do professor.

Trata-se, portanto, da oportunidade de significar a teoria na prática, ao aplicar os conhecimentos adquiridos nas atividades que proporcionam momentos de formação coletiva e participativa, articulando escola e saberes necessários a uma dinâmica de ensino libertadora e democrática. No entanto, há ainda uma certa resistência, por parte do profissional da educação, em se atualizar pedagogicamente, inviabilizando assim as mudanças necessárias a uma prática de ensino de vanguarda.

Tal resistência, geralmente, pode se constituir em riscos, incertezas, acionar defesas – e enfrentá-la requer cuidados específicos para não pressionar o professor resistente. Nesse sentido, a escola há que divulgar a importância de se formar continuamente – professores e alunos – ressaltando o lado prazeroso e significativo de aprender. A escola deve, inclusive, disponibilizar um momento para que seus profissionais possam expor o que foi problemático e/ou relevante em sua prática pedagógica, e por meio da aprendizagem mediada, compreender ações e posturas já internalizadas por outros profissionais.

REPENSANDO A EDUCAÇÃO BÁSICA: UM DESAFIO PARA EDUCADORES

MAGALHÃES, Antonio Carlos Tomás Fialho. Uberaba: Oficina de Ensino e Projetos Educacionais, 2006.

Após a instituição da Lei de Diretrizes Básicas (LDB) para a Educação Nacional – lei 9394/96 – a qualidade dos níveis básico e superior melhorou significativamente no Brasil. Segundo estudiosos, como Guiomar Namo de Mello e Luis Carlos Menezes, a reforma da educação brasileira foi pautada na construção de habilidades, centralizada no aluno e na aprendizagem, sendo o professor uma facilitador desse processo.

Nesse artigo, iremos rever posturas de um fazer pedagógico contextualizado e voltado para as reais necessidades do aluno. Iremos apreciar a LDB em relação ao Ensino Médio e a contribuição para a sua melhoria. E, então, veremos um pouco mais sobre a construção de competência, na escola brasileira. Diante disso, será feito um estudo reflexivo sobre as estratégias de ensino apresentadas.

1 - Um projeto interdisciplinar desenvolvido em escola pública.

Nos empreendimentos atuais, enfatiza-se muito o trabalho em equipe, um espírito coletivo, no qual se busca a solução para os mais variados problemas. De acordo com os preceitos da legislação educacional brasileira – LDB –, os professores que participaram do relato de experiência, interagiram entre si, formando uma teia de conhecimentos que foram mediados ao aluno, diante de um problema real: melhoria do sistema sanitário do bairro. Com isso, ganharam maior assiduidade dos alunos, que vinham faltando às aulas com freqüência. Sem duvida, um projeto que mereceu ser relatado como fonte de pesquisa.

Nesse projeto, os professores utilizaram da interdisciplinaridade para democratizar a educação, estando de acordo com que Mello (2003) disse que os três pilares da reforma educacional – gestão, descentralização e avaliação – muito representam para a melhoria da qualidade de ensino. Pudemos ver que o esforço conjunto dos professores que participaram do projeto é o que levou ao êxito o empreendimento.

O espaço em sala de aula deve ser trabalhado de forma criativa para que se transforme, gradativamente, em espaço de formação, de construção de conhecimentos, assim chamados saberes escolares. Nessa perspectiva, deve-se compreender a aprendizagem como fruto de experiências e práticas sociais, interpretadas por cada sujeito de forma singular. Uma escola que valorize as peculiaridades individuais do desenvolvimento cognitivo.

Cada educando é um sujeito único, com uma trajetória de vida também única. Neste caso um espaço de sala de aula que valorize a bagagem que o aluno adquiriu com a educação não formal é primordial, pois ajuda a observar o grau de socialização dos alunos. Assim sendo, é muito importante frisar que a percepção o olhar e a leitura que cada um de nós fazemos do mundo deve contribuir para a construção de conhecimentos no espaço escolar.

No trabalho coletivo, é sempre bom termos em mente o lado significativo que o cotidiano e vivência dos alunos em sua comunidade na relação professor-aluno, de modo que nasça um relacionamento natural de respeito e colaboração mútua. As salas de aula passam a ser um lugar que oportuniza a construção dos conhecimentos de forma significativa e contextualizada.

Outra preocupação do trabalho coletivo é a valorização do espaço escolar, inclusive salientando a função social da escola, ao integrar e promover uma relação escola-sociedade sustentável. Uma escola ligada à vida e aos problemas sociais da comunidade, de modo a incentivar a participação de pais, alunos e demais segmentos da comunidade, na elaboração do projeto político pedagógico da escola.

2 - A Nova Lei da Educação – 9394/96 – e a Qualidade do Ensino

Na década de 90, o governo brasileiro, mais uma vez propõe outro projeto educacional, a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasileira, 9.394/96, que define uma educação mais humanista, Nesse projeto, as alterações mais significativas foi a avaliação qualitativa em detrimento de uma sistema avaliativo quantitativo. Começam uma série de debates em torno da inclusão educacional na sociedade brasileira.

Ao elaborarmos um estudo analisando as principais tendências em termos de projetos pedagógicas e educacionais, podemos perceber uma trajetória bem definida em torno das propostas educacionais que visam à qualidade do Ensino Médio. Didaticamente, é importante analisá-las e valorizar aquilo que trouxeram como contribuição na construção da história das idéias pedagógicas à medida que iam se consolidando e se modificando nessa mesma história.

Retomando Mello (2003) encontramos que a LDB consolida processos que já se desenvolviam principalmente no que diz respeito à descentralização e à avaliação. Com isso, o Estado retirou as decisões do centro do sistema escolar e as colocou na escola que ganhou um significativo aumento da autonomia financeira e pedagógica. Podemos inferir que a legislação agregou o conceito de autonomia e descentralização no novo modelo de gestão escolar.

Essas ações criam condições para a melhoria da qualidade pedagógica, na medida em que institui fundamentos de gestão. Nessa gestão, é importante a participação de todos que reflitam as expectativas da região, das pessoas, do entorno escolar. Assim, a avaliação é primordial para buscar a qualidade do processo. Houve, com isso, um paradigma na organização curricular. Conforme lemos no relato de experiência, hoje é possível de se trabalhar com a interdisciplinaridade, dando maior visão do global ao aluno.

Diante do exposto, houve uma necessidade de implantar um currículo flexível capaz de ligar o conteúdo da sua área com as necessidades reais da vida do aluno, seu mundo social, no trabalho, no clube, na convivência. Nesse caso, devemos refletir sobre a importância do conteúdo para que o aluno aprenda a viver, a trabalhar nesse mundo tecnologicamente sofisticado, a conviver em uma sociedade complexa.

No processo de universalização do Ensino Médio, deve-se constituir um modelo diversificado e flexível, para responder de modo ágil o perfil da turma. Esse serão os principais desafios que um currículo flexível tem que encarar. Para tanto, necessita-se de maior solidariedade de todas as áreas, porque a tendência é que seja interdisciplinar. Isso significa trabalhar em conjunto, construindo o projeto político pedagógico da escola e desenvolvendo-o junto à comunidade escolar.

Para que aprendam, é preciso envolvê-los em uma atividade de certa importância e de certa duração, garantindo ao mesmo tempo uma progressão visível e mudanças, para todos aqueles que não têm a vontade obsessiva de se debruçar durante dias sobre um problema.

Para tanto, os educandos devem participar da promoção de pesquisas e levantamento de dados sobre interesses sociais, auxiliar na execução de programas e projetos de promoção social, otimizar os recursos disponíveis num sistema de gerenciamento eficiente e avaliar os recursos alcançados durante e após a realização das ações.

Com essa investigação observa-se que um projeto de pesquisa não é, pois, fácil de transformar em um projeto de ação ou de colocar em uma perspectiva prática. Para orientar um projeto que envolva conhecimento e construção de competências, devemos ser capazes de suscitar e estimular o interesse pelo saber que é uma questão de identidade e formação pessoal e profissional.

A construção de competência passou pela arte da interação, no sentido de encorajar, mobilizar de modo que o educando se envolva plenamente como pessoa e não somente como aprendiz. Acreditamos que a habilidade de organizar situações de aprendizagem, suponha competências que, progressivamente, auxiliem os alunos a construírem, eles próprios, a teoria na prática.

3 - Considerações Finais

Diante da necessidade do domínio das competências, em uma determinada área do conhecimento, começamos a direcionar as investigações, adotando uma observação destinada a conhecer o universo que circunda o aluno, bem como a comunidade escolar. Nessa oportunidade, podemos perceber o valor de se conhecer o entorno da escola para trabalhar a diversidade entre os alunos em sala de aula.

Apoiados nas idéias de Mello (2003) e Menezes (2003) têm que haver uma adequação dos conteúdos desenvolvidos, em relação aos objetivos educacionais e às necessidades e interesses dos alunos. Conhecendo o espaço social e cultural, como educadores e investigadores, seremos capazes de reconhecer e respeitar a diversidade das manifestações científicas, técnicas, filosóficas, artísticas, culturais, entre outros aspectos e utilizá-los em prol do processo de construção de conhecimento e competências.

Observamos que a tarefa de educar está relegada quase totalmente à escola, uma vez que a jornada de trabalho dos pais não permite que esses acompanhem, com maior atenção, a educação dos seus filhos. Não quer dizer, no entanto, falta de interesse pelos pais no sucesso e no rendimento escolar dos alunos, e sim falta de tempo para um apoio educacional mais pertinente e efetivo por parte da família.

Nesse contexto, encontram-se inseridos os educandos, os profissionais de educação e a instituição, muito receptivos e interessados em atender o aluno, através de projetos educacionais que complementam as atividades desenvolvidas no momento do ensino regular.

A importância do diagnóstico social, antes da prática docente, comprova que a avaliação do processo, que deve ser feita mediante um procedimento globalizado, em que diagnóstico e acompanhamento sejam seguidos de decisões e ações que ajudem os alunos a aprender mais e melhor, garantir bons resultados na avaliação final do processo. Dessa avaliação, surgirão novos projetos, novas formas de significar conhecimentos que levem o educando a dominar recursos e saberes, e permita, não só conhecer uma habilidade específica, como ainda exercer sua cidadania em busca de um desenvolvimento social sustentável.
UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO NO SOCIAL

MAGALHÃES, Antonio Carlos Tomás Fialho. Uberaba: Oficina de Ensino e Projetos Educacionais, 2005.

Quando trabalhamos a cidadania em sua dimensão filosófica, mais do que meramente filosofar, estaremos tratando de moral, ética e história. Desse modo a cidadania é enfocada em seus aspectos referentes não só á cidade, mas ainda à civilização, à cultura, à língua, à etnia, aos seus aspectos histórico-filosóficos.

Uma vez que formamos as civilizações modernas, o enfoque de cidadania deve despertar para a questão de o homem ter evoluído desde a pré-história e que civilização significa harmonia e equilíbrio. Sem a consciência de que viver em uma civilização é incluir, cada vez mais, os elementos à margem de uma sociedade em um processo de dignidade e construção de habilidades que lhes garantam manter a inserção social.

Em outro aspecto, a cidadania vem da cultura de um país, de uma região, em que a visão de mundo e de sociedade colabora ou desfavorece a inserção social de todos os cidadãos no processo social e no trabalho gratificante e realizador. Assim, os modos como a cultura trata a integração da sociedade no processo de solução ao desequilíbrio social é que haverá a reversão da exclusão.

Por outro lado, a questão da língua e suas variações em torno do brasileiro é um dos fatores que começa a chamar atenção dos pesquisadores na área da Educação. Isso porque há uma utilização excludente entre os “cultos” e os pertencentes á sociedade dominante discriminando o modo de falar. Não podemos esquecer que além de ser um problema social, a discriminação é um crime previsto na Constituição Federal.

Quando os aspectos é a raça (a etnia), o processo de exclusão é mais visível e parece ser o maior, por ser mais divulgado. É impossível convivermos, em pleno século XXI, com pessoas que ainda discriminam racialmente outro ser humano. Nesse aspecto é que a Educação teria que intervir. Ou seja, no processo sócio-histórico que desencadeia a segregação e o preconceito contra grupos minoritários.