quinta-feira, 31 de maio de 2012


REPENSANDO A EDUCAÇÃO BÁSICA: UM DESAFIO PARA EDUCADORES

MAGALHÃES, Antonio Carlos Tomás Fialho. Uberaba: Oficina de Ensino e Projetos Educacionais, 2006.

Após a instituição da Lei de Diretrizes Básicas (LDB) para a Educação Nacional – lei 9394/96 – a qualidade dos níveis básico e superior melhorou significativamente no Brasil. Segundo estudiosos, como Guiomar Namo de Mello e Luis Carlos Menezes, a reforma da educação brasileira foi pautada na construção de habilidades, centralizada no aluno e na aprendizagem, sendo o professor uma facilitador desse processo.

Nesse artigo, iremos rever posturas de um fazer pedagógico contextualizado e voltado para as reais necessidades do aluno. Iremos apreciar a LDB em relação ao Ensino Médio e a contribuição para a sua melhoria. E, então, veremos um pouco mais sobre a construção de competência, na escola brasileira. Diante disso, será feito um estudo reflexivo sobre as estratégias de ensino apresentadas.

1 - Um projeto interdisciplinar desenvolvido em escola pública.

Nos empreendimentos atuais, enfatiza-se muito o trabalho em equipe, um espírito coletivo, no qual se busca a solução para os mais variados problemas. De acordo com os preceitos da legislação educacional brasileira – LDB –, os professores que participaram do relato de experiência, interagiram entre si, formando uma teia de conhecimentos que foram mediados ao aluno, diante de um problema real: melhoria do sistema sanitário do bairro. Com isso, ganharam maior assiduidade dos alunos, que vinham faltando às aulas com freqüência. Sem duvida, um projeto que mereceu ser relatado como fonte de pesquisa.

Nesse projeto, os professores utilizaram da interdisciplinaridade para democratizar a educação, estando de acordo com que Mello (2003) disse que os três pilares da reforma educacional – gestão, descentralização e avaliação – muito representam para a melhoria da qualidade de ensino. Pudemos ver que o esforço conjunto dos professores que participaram do projeto é o que levou ao êxito o empreendimento.

O espaço em sala de aula deve ser trabalhado de forma criativa para que se transforme, gradativamente, em espaço de formação, de construção de conhecimentos, assim chamados saberes escolares. Nessa perspectiva, deve-se compreender a aprendizagem como fruto de experiências e práticas sociais, interpretadas por cada sujeito de forma singular. Uma escola que valorize as peculiaridades individuais do desenvolvimento cognitivo.

Cada educando é um sujeito único, com uma trajetória de vida também única. Neste caso um espaço de sala de aula que valorize a bagagem que o aluno adquiriu com a educação não formal é primordial, pois ajuda a observar o grau de socialização dos alunos. Assim sendo, é muito importante frisar que a percepção o olhar e a leitura que cada um de nós fazemos do mundo deve contribuir para a construção de conhecimentos no espaço escolar.

No trabalho coletivo, é sempre bom termos em mente o lado significativo que o cotidiano e vivência dos alunos em sua comunidade na relação professor-aluno, de modo que nasça um relacionamento natural de respeito e colaboração mútua. As salas de aula passam a ser um lugar que oportuniza a construção dos conhecimentos de forma significativa e contextualizada.

Outra preocupação do trabalho coletivo é a valorização do espaço escolar, inclusive salientando a função social da escola, ao integrar e promover uma relação escola-sociedade sustentável. Uma escola ligada à vida e aos problemas sociais da comunidade, de modo a incentivar a participação de pais, alunos e demais segmentos da comunidade, na elaboração do projeto político pedagógico da escola.

2 - A Nova Lei da Educação – 9394/96 – e a Qualidade do Ensino

Na década de 90, o governo brasileiro, mais uma vez propõe outro projeto educacional, a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasileira, 9.394/96, que define uma educação mais humanista, Nesse projeto, as alterações mais significativas foi a avaliação qualitativa em detrimento de uma sistema avaliativo quantitativo. Começam uma série de debates em torno da inclusão educacional na sociedade brasileira.

Ao elaborarmos um estudo analisando as principais tendências em termos de projetos pedagógicas e educacionais, podemos perceber uma trajetória bem definida em torno das propostas educacionais que visam à qualidade do Ensino Médio. Didaticamente, é importante analisá-las e valorizar aquilo que trouxeram como contribuição na construção da história das idéias pedagógicas à medida que iam se consolidando e se modificando nessa mesma história.

Retomando Mello (2003) encontramos que a LDB consolida processos que já se desenvolviam principalmente no que diz respeito à descentralização e à avaliação. Com isso, o Estado retirou as decisões do centro do sistema escolar e as colocou na escola que ganhou um significativo aumento da autonomia financeira e pedagógica. Podemos inferir que a legislação agregou o conceito de autonomia e descentralização no novo modelo de gestão escolar.

Essas ações criam condições para a melhoria da qualidade pedagógica, na medida em que institui fundamentos de gestão. Nessa gestão, é importante a participação de todos que reflitam as expectativas da região, das pessoas, do entorno escolar. Assim, a avaliação é primordial para buscar a qualidade do processo. Houve, com isso, um paradigma na organização curricular. Conforme lemos no relato de experiência, hoje é possível de se trabalhar com a interdisciplinaridade, dando maior visão do global ao aluno.

Diante do exposto, houve uma necessidade de implantar um currículo flexível capaz de ligar o conteúdo da sua área com as necessidades reais da vida do aluno, seu mundo social, no trabalho, no clube, na convivência. Nesse caso, devemos refletir sobre a importância do conteúdo para que o aluno aprenda a viver, a trabalhar nesse mundo tecnologicamente sofisticado, a conviver em uma sociedade complexa.

No processo de universalização do Ensino Médio, deve-se constituir um modelo diversificado e flexível, para responder de modo ágil o perfil da turma. Esse serão os principais desafios que um currículo flexível tem que encarar. Para tanto, necessita-se de maior solidariedade de todas as áreas, porque a tendência é que seja interdisciplinar. Isso significa trabalhar em conjunto, construindo o projeto político pedagógico da escola e desenvolvendo-o junto à comunidade escolar.

Para que aprendam, é preciso envolvê-los em uma atividade de certa importância e de certa duração, garantindo ao mesmo tempo uma progressão visível e mudanças, para todos aqueles que não têm a vontade obsessiva de se debruçar durante dias sobre um problema.

Para tanto, os educandos devem participar da promoção de pesquisas e levantamento de dados sobre interesses sociais, auxiliar na execução de programas e projetos de promoção social, otimizar os recursos disponíveis num sistema de gerenciamento eficiente e avaliar os recursos alcançados durante e após a realização das ações.

Com essa investigação observa-se que um projeto de pesquisa não é, pois, fácil de transformar em um projeto de ação ou de colocar em uma perspectiva prática. Para orientar um projeto que envolva conhecimento e construção de competências, devemos ser capazes de suscitar e estimular o interesse pelo saber que é uma questão de identidade e formação pessoal e profissional.

A construção de competência passou pela arte da interação, no sentido de encorajar, mobilizar de modo que o educando se envolva plenamente como pessoa e não somente como aprendiz. Acreditamos que a habilidade de organizar situações de aprendizagem, suponha competências que, progressivamente, auxiliem os alunos a construírem, eles próprios, a teoria na prática.

3 - Considerações Finais

Diante da necessidade do domínio das competências, em uma determinada área do conhecimento, começamos a direcionar as investigações, adotando uma observação destinada a conhecer o universo que circunda o aluno, bem como a comunidade escolar. Nessa oportunidade, podemos perceber o valor de se conhecer o entorno da escola para trabalhar a diversidade entre os alunos em sala de aula.

Apoiados nas idéias de Mello (2003) e Menezes (2003) têm que haver uma adequação dos conteúdos desenvolvidos, em relação aos objetivos educacionais e às necessidades e interesses dos alunos. Conhecendo o espaço social e cultural, como educadores e investigadores, seremos capazes de reconhecer e respeitar a diversidade das manifestações científicas, técnicas, filosóficas, artísticas, culturais, entre outros aspectos e utilizá-los em prol do processo de construção de conhecimento e competências.

Observamos que a tarefa de educar está relegada quase totalmente à escola, uma vez que a jornada de trabalho dos pais não permite que esses acompanhem, com maior atenção, a educação dos seus filhos. Não quer dizer, no entanto, falta de interesse pelos pais no sucesso e no rendimento escolar dos alunos, e sim falta de tempo para um apoio educacional mais pertinente e efetivo por parte da família.

Nesse contexto, encontram-se inseridos os educandos, os profissionais de educação e a instituição, muito receptivos e interessados em atender o aluno, através de projetos educacionais que complementam as atividades desenvolvidas no momento do ensino regular.

A importância do diagnóstico social, antes da prática docente, comprova que a avaliação do processo, que deve ser feita mediante um procedimento globalizado, em que diagnóstico e acompanhamento sejam seguidos de decisões e ações que ajudem os alunos a aprender mais e melhor, garantir bons resultados na avaliação final do processo. Dessa avaliação, surgirão novos projetos, novas formas de significar conhecimentos que levem o educando a dominar recursos e saberes, e permita, não só conhecer uma habilidade específica, como ainda exercer sua cidadania em busca de um desenvolvimento social sustentável.

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