quinta-feira, 31 de maio de 2012

O PROFESSOR DIANTE DAS INCERTEZAS DO SÉCULO XXI

MAGALHÃES, Antonio Carlos Tomás Fialho. Uberaba: Oficina de Ensino e Projetos Educacionais, Março, 2006.

Formamo-nos e somos formados em meio a uma rede de interações entre as ciências e os indivíduos e nas relações múltiplas e complexas que existem entre elas. A formação do ser humano, portanto, se encontra enraizada em uma teia de convivências, tanto no contexto escolar, quanto fora dele, em um processo contínuo e, portanto permanente, como a própria formação do homem. No entanto, dentro dessa teia de ciências e conhecimento, o mundo, por meio do relativismo que circula em torno das concepções e teorias, tem trazido incertezas e isso reflete diretamente no processo pedagógico.

Assim sendo, a formação de professor deve ser vinculada ao processo de formação pessoal, no qual o docente se modifica diante das transformações que ocorrem, velozmente, no mundo das ciências, da tecnologia e, por conseguinte na forma como tratar os conhecimento em sala de aula. Nessa perspectiva, o próprio educador descobre referenciais que irão contribuir para seu processo de desenvolvimento pessoal e profissional, que apontam os caminhos para essa formação.

Dentro de uma formação reflexiva, a equipe docente, em momentos oportunos e que exijam uma atuação criativa e modificadora de comportamentos, atitudes e postura crítica, deve romper com modelos tradicionais de ensino. Essa ruptura pode nascer da demanda por uma ação mais singular, às vezes personalizada e individual.

Permeada pela realização, sucesso e formação pessoal (já que formação é um processo contínuo e por toda a vida), a formação profissional é também o resultado de ações educativas que efetuamos no cotidiano de sala de aula, ora indo além das expectativas. Dessa forma, grande parte da formação do ser humano ocorre na medida em que o educador – no convívio frente às situações de sucesso, fracasso ou ineficiência do processo – começa a perceber que a qualidade do ensino deve ser também analisada de acordo com as mudanças sociais e incertezas que envolvem o futuro do planeta.

Nesse contexto, alguns professores se apropriam, são flexíveis e acreditam na importância de conhecer novos modos de atuação e novas maneiras de encarar as diferenças, os espaços e tempos escolares. Inseridos na sociedade da informação, professores e demais atores da educação irão perceber que as mudanças sociais ocorridas mediante o uso do computador, da tecnociência, da nanotecnologia sugerem novas atitudes docentes que reflitam e analisem a maneira tradicional de produzir conhecimentos, não apenas para adaptar procedimentos, mas sobretudo para repensar o processo educativo a fim de enfrentar os novos desafios instituídos pelos avanços tecnológicos.

Parece existir certa resistência por parte de professores que se formaram há mais tempo (diríamos há duas décadas) e até têm mostrado um certo desconforto ao lidar com práticas pedagógicas apoiadas nas transformações sociais e tecnológicas. Para ilustrar, tal desconforto e resistência podem ser oriundos do fato de que a introdução do computador na escola é acompanhada de uma grande expectativa com relação à modificação da própria relação educativa, na medida em que há uma representação social extremamente positiva em torno do potencial do computador, capaz de transformar os processos humanos.

Entretanto, anterior à entrada de qualquer postura de vanguarda no contexto escolar, deveria haver uma capacitação dos docentes para que estes pudessem alterar qualitativamente a dinâmica da mediação pedagógica. Isso evidencia a necessidade de se redesenhar o atual modelo de formação de professores, para que inclua, na medida do possível, a apropriação contextualizada e crítica das novas ciências advindas dos avanços tecnológicos, tanto nos cursos de formação inicial quanto nos cursos de atualização docente.

Contudo, nesse panorama, a falta de sentido e objetivo prático de certos cursos e atualizações, levam ao fracasso e a uma formação inadequada e inoperante. Quando tais eventos são criticados, os idealizadores defendem a idéia de que os participantes não captaram a filosofia da proposta, foram resistentes às inovações e mudanças ou ainda não tiveram base teórica para alcançar essas inovações. Na realidade a deficiência está na proposta que não atendeu as expectativas dos professores, pois tal proposta não era condizente com a realidade teórica e prática que a sociedade e os próprios alunos demandam atualmente.

Concluindo, uma proposta condizente com as demandas sociais e cientificas implica a aquisição de conhecimentos (teoria) e sua relação com os saberes produzidos na formação profissional, no cotidiano escolar (prática). Dessa forma, pode-se criar ações pedagógicas inovadoras à medida que o docente compreender as relações entre conhecimento científico e conhecimento prático-pedagógico.

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